domingo, 14 de fevereiro de 2010

π... devaneios e "loucuras" recentes...




Certa vez, li uma matéria (agora fugindo um pouco do assunto... ou talvez não...) num site bem underground, dizendo que o Terceiro Reich fazia pesquisas com tecnologia alienígena. A matéria levantava uma hipótese muito ousada, dizendo que os remanescentes do partido de Hitler se exilaram na Antártida, onde continuaram com pesquisas tecnológicas até hoje, mantendo contatos constantes com civilizações alienígenas, além de terem superado o fascismo, adotando uma maneira de viver mais lúcida e evolutiva. Tudo isso e ainda mais explicavam expondo no site imagens e materiais interessantíssimos daquela época. Com tais, explicavam também a possibilidade de terem descoberto a tecnologia anti-gravidade dos discos voadores, que se consistia basicamente de dois elementos químicos em reação no centro, causando a rotação de dois discos (um em cima e outro embaixo... não sei de que materiais...), em sentidos contrários cada, e em movimento-perpétuo... Transformando assim a nave num sistema independente da gravidade da Terra.


Bem, é claro que isso tudo não passa de uma viagem bem duvidosa em todos os sentidos... Mas o site apresentava documentos e imagens MUITO intrigantes....
Com isso, apenas pretendo lhes despertar curiosidade quanto ao caráter enigmático do movimento circular em si... Um enigma universal que inspirou até Carl Sagan a escrever a ficção "Contato".
Pi (π) é uma constante chamada não só de "irracional", mas também "transcendental"... Um número que custa até aos computadores avançados de hoje a fornecerem dados mais consistentes...


Sou leitor da Bíblia, sigo o Evangelho. Mas estou longe de ser fanático... tenho mente aberta a assuntos dos mais delicados, misteriosos e controversos. Nada me incomoda, rs!
Na Bíblia, podemos encontrar essa constante em descrições muito sutis... Vários relatos dela tratam de quantidades e acontecimentos que giram em torno do número 3 e dos múltiplos de 7... Muitas sentenças são “circulares”, e sugerem a independência ontológica desta relação. Por exemplo: "o amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor ". E para elevar o assunto a patamares mais surreais, Jesus disse: "... eu vim para cumprir a lei..."
Com tais observações, interpreto o valor de Pi de um modo bem "maluco" (para os cientistas e matemáticos, eu presumo...): há alguma relação do círculo com o Amor, e com tudo que é relatado na Bíblia... de Gênesis a Apocalipse... Não posso dizer que sou perito em matemática, física ou teologia para criticar tais assuntos do modo mais realista possível. Mas, pelo menos, aprendi coisas essenciais e universais: que o Amor é um dom poderoso que foi concedido à espécie humana. É o mais independente de todos os outros... o mais livre e transcendental... É capaz de explodir a partir do nada... ah! se é!!... Assim como a Singularidade ocorrendo em pontos aleatórios espaço sideral afora... o oposto de um buraco negro... ou como supernova emitindo luz, energia e traços primórdios de vida... É o que confere liberdade (pois cumpre a lei) e super-poderes aos humanos. O horizonte de nossas descobertas!


Em suma, o Amor é o centro do círculo... Tão transcendente e constante como 3,14. A própria Bíblia e até a Kabala que o digam...
“Podes tu fazer aparecer os signos do Zodíaco a seu tempo; ou guiar a Ursa com seus filhos? Sabes tu as ordenanças dos céus, podes estabelecer a sua influência sobre a terra?” (Jó 38:32,33)
Mas... ainda ficam mais questões... Como os discos voadores podem voar de maneira tão livre e independente?... Duvido que seres alienígenas bizarros e cabeçudos possam saber mais do que nós sobre o Amor... Será que os humanos emitem tanta luz, que acaba forçando os ETs a usarem uma película preta nos olhos?... Ou será que Nikola Tesla foi o inventor dessas naves, e os seres supostamente alienígenas são resultados de experiências genéticas, feitas pelos nossos próprios cientistas?

sábado, 2 de janeiro de 2010

sobre ciborgues, cibernética e arte contemporânea

Este é um relatório de leitura que fiz em 28/10/2009, para a disciplina optativa de Poéticas Contemporâneas, ministrada pelo professor José Minerini. Primeiramente exponho meu entendimento sobre o texto "Homem artista, deus criador ou feiticeiro ciborgue?", da autora Suzete Venturelli e em seguida, a partir do sétimo parágrafo, ofereço uma analise crítica minha sobre os assuntos discutidos, valendo-me do repertório que obtive no decorrer de minha graduação.


“Homem artista, deus criador ou feiticeiro ciborgue?” ¹
Com as analises de Venturelli pude entender que o impacto da tecnologia computacional na vida humana está transformando sua vivência e seu pensamento de um modo tão profundo que por vezes escapa de nossa percepção. A autora inicia seu discurso pelo conceito de “sujeito”, fundamentando com princípios estudados em várias áreas do conhecimento. O sujeito, ou a subjetividade do ser humano, bem como sua inteligência, são fatores determinados pela sua capacidade de auto organizar-se a partir de sua experiência com o meio e pelo pensamento complexo que desenvolveu em sua evolução, capaz de relacionar conceitos que se opõem, a fim de chegar a uma conclusão.
São estas características da definição de sujeito que observei nas indagações de Venturelli quanto à relação do ser humano com as máquinas: se a máquina está imitando cada vez melhor o ser humano, ou se os humanos estão conseguindo inventar novos seres, novas criaturas, ou uma nova manifestação de sujeito. O mundo cibernético é regido por processos lógico-matemáticos que permitem simular virtualmente entidades inteligentes que se auto-organizam e se regeneram segundo as informações que obtêm de sua interação com o meio cibernético (ou o “espaço virtual”).
Quanto às manifestações artísticas que têm surgido na abordagem da cibernética, entendi que a arte se utiliza dos métodos científicos e das tecnologias computacionais para mostrar uma reflexão crítica das polêmicas que surgem do impacto dessas tecnologias e da evolução da ciência na vida do ser humano. Em outras palavras, trata-se do que, se antes era visto como ficção-científica, em nossos dias tem se tornando cada vez mais realidade. Daí a discussão sobre o conceito de ciborgue como algo que é refletido na realidade das relações humanas contemporâneas, sobretudo de suas modificações biotecnológicas. Nestes termos, também podemos entender que o corpo humano deixa de ser considerado, na realidade, um organismo único, imutável, dotado de emoções e sensações. Com a evolução da cibernética, surge a questão de que o homem é dependente das máquinas, de suas próprias criaturas artificiais, imagéticas ou objetos e aparelhos diversos; ou de que sujeito e objeto agora podem se unir.
Quanto à questão formal da arte cibernética, Venturelli verifica que os seres virtuais inteligentes, com a sua capacidade de se auto-organizar, de se regenerar e de se reproduzir, também conseguem produzir formas aleatórias, sempre diferentes, assim nos revelando uma forma artística de caráter aberto e emergente.
Numa visão ainda mais abrangente, Venturelli indaga se os humanos conseguiram fazer da arte consciente de sua própria autonomia. Para isso, as tecnologias cibernéticas deveriam gerar vida artificial capaz de conceber sua subjetividade; de pensar e de intuir sua própria existência. Isso ainda não é realidade, pois a vida artificial ainda está num estágio inicial de evolução, dotada apenas de pensamento inteligente, o que se opõe à reflexão da condição humana, em que o homem, desde quando nasce, concebe sua existência antes de pensar. Os recursos da cibernética ainda funcionam como extensores das atividades tanto mentais quanto corporais do homem, desenvolvidos sob os critérios principais de comunicação, de operação em meios eletrônicos informatizados e acesso a grandes quantidades de informação.
Outra análise interessante de Venturelli é ver o ciborgue como uma entidade híbrida do homem com as imagens, ou um indício dos prazeres que surgem ao estreitar a realidade vivida com as imagens fantásticas, míticas, ou com todo o mundo imaterial da cultura; prazeres estes que se originam do caráter da imagem como um “vetor de comunhão”, ao projetar nossa subjetividade para além de nós mesmos, num ambiente exterior, ou seja, o espaço cibernético que criamos para nos comunicarmos. É então nesta discussão que pude entender o conceito de “feiticeiro ciborgue” sugerido pela autora, pois este hibridismo do homem com suas próprias criações artificiais, ou com a própria cultura da imagem, vem proporcionar meios de experiências que lhe transcendem, onde o ser humano se vê em comunhão com as entidades eternizadas de sua própria produção cultural e artística, de seu imaginário, ao imergir em ambientes virtuais.
Devo aqui deixar em paralelo a minha própria visão sobre as questões da cibernética e do ciborgue. Concordo que o ciborgue deixa cada vez mais o mundo da ficção-científica, à medida que vemos pessoas introduzindo aparatos eletrônicos em seu corpo, seja para continuar a viver com órgãos sintéticos (exemplos: o coração artificial, aparelhos auditivos, membros mecânicos, ou até o aparelho injetor de insulina automático, substituindo o pâncreas deficiente dos diabéticos...) ou para aprimorar sua vivência social, profissional e suas relações econômicas, administrando quantidades de informação muito além da capacidade natural do cérebro, valendo-se então das memórias eletrônicas desenvolvidas pela indústria de hardwares. Isso não deixa de ser uma superação de vários problemas humanos, que só pôde ser alcançada com a evolução tecnológica, trazendo vantagens que antes eram apenas vislumbradas pelo imaginário.
A partir de meus estudos anteriores no próprio meio acadêmico; lendo livros relacionados a essas questões; conversando com amigos e professores, além do conhecimento que obtive nas disciplinas de Estética, História do Design e Design Contemporâneo, eu devo esclarecer que não vejo a condição ciborgue como uma evolução da espécie humana.
Certamente, é sim um exemplo evidente do que tem sido discutido sobre o ser “pós-humano”, com suas qualidades elevadas pela biotecnologia. Porém, o ciborgue em si, ou o ser pós-humano, não é uma evolução, mas sim uma ruptura com ela. A meu ver, o ser humano deve evoluir física, social e culturalmente sem contradizer sua própria natureza, sua essência...
Devemos também perscrutar as questões espirituais, que em nossos dias voltaram a ser investigadas no meio intelectual de maneira inédita. Nesta visão, podemos questionar como evoluirmos sem dependermos da nossa própria produção cultural, dos objetos, ou mesmo sem precisarmos introduzir os produtos da tecnologia em nosso corpo, subvertendo nossa pele e nossa essência.
Quanto mais dependermos de nossas criações, quanto mais nos rodearmos com a artificialidade da cultura material ou das imagens idolatráveis da indústria cultural; ou quanto mais cercearmos nossas vidas com os sistemas impostos à sociedade pelo capitalismo, pela burocracia e pelas engrenagens da indústria, mais nos distanciamos de nossa vivência concreta com o mundo natural que nos deu origem.
Isso já foi concebido no meio filosófico como a chamada “dialética interna da cultura” (FLUSSER, 2007)², observando que, apesar de a cultura ter evoluído as condições de relacionamento interpessoal, bem como a civilização humana como um todo, ela impõe obstáculos entre o homem e a realidade. A própria etimologia da palavra “objeto” pressupõe “objeção”, “obstáculo”, ou “problema”, mesmo quando desenvolvemos objetos de uso, por mais funcionais e perfeitos que possam ser. Por estes motivos, o homem se distancia da realidade natural (ou até da sobrenatural...) quanto mais se apega aos paradigmas do pensamento racional, lógico e científico, nestes se acomodando, sem observar criticamente as conseqüências.

¹ VENTURELLI, Suzete. Homem artista, deus criador ou feiticeiro ciborgue? in DOMINGUES, Diana (org.). Arte e vida no século XXI: tecnologia, ciência e criatividade. São Paulo: Editora UNESP, 2003, p. 333-344.
² FLUSSER, Vilém. Mundo Codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Editora Cosac Naify, 2007,m 222 p.