terça-feira, 28 de junho de 2011

o inexistente

Estou a chegar nos meus 30... Nesses meus 26 anos de idade, nunca mergulhei tanto em reflexões elevadas a fim de buscar uma posição decisiva  frente aos conceitos formados oferecidos pelo mundo. Não buscando uma "verdade absoluta", como faz a maioria das pessoas... mas sim um estágio na vida em que não se pode e não há necessidade de voltar atrás; ou seja, uma Conclusão propriamente dita.

Percebamos: o mundo agora questiona sobre o que existe e o que não existe... na verdade, não questiona, mas busca as opiniões e os pontos-de-vista de seus "especialistas" para estabelecer uma noção irrevogável sobre tais proposições. Já não basta considerar o visível e palpável como exclusiva definição de Existência; tem que ser antes aprovado pela racionalidade "superior" dos estudiosos da Ciência. É como uma catraca linguística, um sistema burocrático que controla a mentalidade de todas as pessoas com a própria hipocrisia... E o pior é que a Existência passa, deste modo, a se submeter às leis mundanas... se vc discordar sobre o que os "especialistas" dizem "não existir", vc será "fora da lei", correndo o risco de ser esculachado, linchado, punido, apedrejado, excluído, abandonado... de sofrer bullying, etc...

Não se trata de um totalitarismo da Lei somente... mas antes, da própria significação... do signo, das identidades, por assim dizer. Se vc não formular conceitos, isto é, se escolher viver de modo nonsense, vc corre o risco de ser reduzido ao estatuto da loucura, e terá que se exilar ou no manicômio ou na prisão... Hahaha! É isso mesmo! Você é nonsense, mas automaticamente ganha uma definição... Quer algo mais insustentável do que isso??...

Essa condição é abrangente... pode ser interpretada em vários níveis das atividades humanas modernas. Vejamos: se vc não produz, se não trabalha, não vende, não compra, não "enriquece", não acumula... se não produz cultura... se não atribui significado... se não submete qualquer coisa a padrões mensuráveis, compreensíveis, definíveis... isto é, se vc não consegue reduzir tudo a "coisa", reificar, a fim de controlar, vc será então relegado à margem da sociedade... Vc não tem o direito de viver em silêncio, muito menos de seguir a vida sem os muros e as linhas sociais de separação entre dois lados opostos... Portanto, a Paz não lhe é de direito... nunca foi! Se vc pensa que neste mundo poderá experimentar Paz, vc está completamente iludido...

O que quero dizer com tudo isso?
Digo que a Paz não existe, pois ao se submeter à Lei, torna-se apenas uma ilusão de paz... Por sua vez, Liberdade, Felicidade e Justiça também não existem... o que temos hoje por essas palavras são meras ilusões.

Vc aí, caro leitor, imerso na ilusão do mundo, assim como eu, nos termos próprios da condição do existente, sabe que paz e justiça não se consegue sem antes trazê-las à existência. A própria História nos dá várias evidências disso... até mesmo o artesanato, o design: só criamos ferramentas e objetos úteis ao dia-dia se antes decidirmos conscientemente trazê-los à realidade, nos engajando em todo esforço necessário para tal.

Ouso dizer que só nos tornamos deuses de nossa própria criação; só podemos ser soberanos sobre aquilo que saiu de nossas próprias mãos. E agora chego ao ponto onde queria, enquanto refletia para desenvolver este texto: o grande problema do mundo, em pleno séc. XXI, são homens que se consideram soberanos a tudo e a todos... Querem sobrepujar a Natureza, o visível, o palpável, o material... querem controlá-la e sujeitá-la ao seu regime de poder... Para tanto, criou a Ciência, com o fito de sujeitar não apenas a Natureza, mas o Universo inteiro (juntamente com todas as criaturas viventes) da mesma forma: sob os mesmos padrões mensuráveis de existência... E isso, pelo menos para mim, é inaceitável!

O homem tem que morrer*, para experimentar a medida mínima de paz e justiça que todo homem procura... quanto à medida máxima, só cruzando a linha entre o existente e o inexistente.

Aliás, e o Universo? 
Peço, por gentileza, que vc se desprenda de seus paradigmas e conceitos formados sobre o que considera "vivente" e "existente". Pense de modo inverso sobre tudo ao seu redor; e eu agora proponho uma questão singular: se o Universo não é eterno, como a própria Ciência corrobora com a teoria do Big Bang; se teve um início, então, antes de tudo, era inexistente, certo? E vou mais longe: digo que, ontologicamente, não existe, pois não pensa. A máxima filosófica tão abraçada por toda a nossa cultura, afirmando "penso, logo existo", nos faz corroborar que os animais não existem, assim como o Mar, os Céus, a Terra e tudo o que neles há: nada existe se não puder pensar como o ser humano pensa... 

Mas eu não sou inteiramente adepto desta filosofia... 
Sou jovem... sei que tenho muito a aprender ainda, pois escolhi ser um eterno aprendiz. Essas questões estão resolvidas para mim (e não estou aqui me gabando por causa disso, que fique claro!)... 
Enquanto a Ciência faz uma tempestade em copo d'água, bastou-me interpretar o microcosmo, junto a todas as suas derivações, para ter um vislumbre sobre as razões do macrocosmo. Digo vislumbre porque só posso concluir, a priori, o seguinte: que nada, nem ninguém vem a existir sem passar pelo crivo de uma decisão consciente. Assim como tudo o que o ser humano cria e traz à existência: conhecimento, cultura, arte, técnica; o Universo foi também inexistente, e num dado momento, trazido à existência por uma grande consciência, superior em si mesma, e que está acima de tudo. Uma consciência que, muito provavelmente, foi instigada pelos enigmas que se lhe impuseram, ou foi ao menos impelida pelo seu próprio ímpeto de desvendar, de descobrir e de superar a si mesma, por meio do esclarecimento. Ou seja, uma consciência que, de repente, decidiu criar o Universo não pelas próprias mãos, mas pelo Verbo: "que haja luz", e num lampejo, tudo lhe foi desvendado e esclarecido.

É como eu mesmo, aqui, redigindo este texto: estou criando pelo verbo, afinal... 
É como na astrofísica a respeito da Singularidade: o oposto de um Buraco Negro, emitindo luz e matéria em pontos aleatórios do universo afora; porém tão letal quanto seu oposto...
É como o amor incondicional: capaz de tudo, sem esperar nada em troca... capaz de simplesmente explodir do nada, assim como no Big Bang...

Aliás, a própria Ciência nos mostra que, antes de qualquer corpo aparecer no Universo, ocorre uma grande explosão; o ser humano também não escapa: antes de ele surgir, na sucessão evolutiva das espécies, precisou que um asteróide atingisse o planeta, devastando quase todas as espécies jurássicas, a fim de garantir ao macaco um lugar ao sol... Tudo isso é verdade. Tudo isso existiu de fato... Não estou sendo sarcástico, muito menos tentando invalidar a Ciência... Mas tudo isso são provas de que essa Consciência Superior transcende não apenas a nós, meros mortais, mas a todo o âmbito da Existência. É a linha entre o existente e o inexistente. Diante dela, não adianta estabelecer uma "verdade absoluta" sobre o que existe e o que não deve existir; seria como dois palhaços dizendo "blablabla", discutindo assuntos vãos... e a maioria dos cientistas e dos filósofos é assim, infelizmente.

A capacidade de tornar-se visível ou invisível, alternando-se nestas condições em momentos apropriados; a tecnologia para tal (como a dos objetos voadores não identificados, de estudo da Ufologia), ou a capacidade para subverter as leis da física livremente, só pode ser algo nonsense em si mesmo... A capacidade de cruzar a linha entre o existente e o inexistente; o livre transitar entre tais condições.

Alguns diriam "ah! mas isso não é estar 'em cima do muro'??? NÃO! ...ninguém pode ficar em cima do muro!"... Eu, porém, digo que escolho imitar a esta grande Consciência; escolho ficar não de um lado, nem de outro, nem "em cima do muro"... Escolho ser, entre todos os meus semelhantes, um eterno aprendiz, não querendo ser um "mestre", muito menos ser chamado de tal; sem deixar, é claro, de imitar a esta Consciência Superior: o mestre de todos nós; tomá-lo como meu maior diretor, e Mestre de fato. Para o Mestre, muro não há! Se, para nós, existem muros, devemos então destruí-los, não sustentá-los... 

Creio que há um propósito para existirmos neste mundo: o de um aprendizado contínuo, cíclico; um processo de evolução tanto darwiniano quanto transcendente, pelo qual nos encontramos agora, se não for no último estágio, é talvez no penúltimo; sendo então o próximo estágio a capacidade de existir e não-existir simultaneamente. O ser humano não pode ser o último estágio na Evolução... Estaremos aptos a cruzar a linha da Existência tão facilmente como piscar os olhos... Uma capacidade que, porém, será conferida a todos aqueles que fizerem o bastante por merecê-la... Condição pela qual vamos finalmente experimentar a verdadeira paz.

– Nota do autor: 
O texto sofreu várias correções, em pequenos detalhes, após sua primeira publicação... Assim como todos os outros posts do blog, desde o primeiro, este necessita de ainda mais revisões... Peço ao leitor que desconsidere sentenças mal formuladas sintaticamente, mas que esteja atento para o fato de que podem prejudicar o entendimento adequado das idéias desenvolvidas. Para além, não sinta-se forçado(a) a concordar comigo... não é o que pretendo com este post...

Em cor cinza, palavas e/ou sentenças que modifiquei, ou acrescentei, para reduzir margens de erro sintático e/ou semântico, e melhorar o entendimento de tudo.

Obrigado por ler!